O não-manual de como socializar

O não-manual de como socializar

 
– Quer sair e fazer alguma coisa?
– Tipo o quê?
Sejamos estranhos! O não-manual de como socializar é um minicurso dedicado a trabalhar nossa capacidade de inventar possibilidades não-tradicionais de encontros – a partir da Arte. Com pessoas disponíveis, um celular (câmera e microfone), papel, caneta, tinta, e outros materiais, um mundo se abre.
 
Aconteceu em: 9, 16 e 23 de março de 2022, de 19h às 21h (horário de Brasília).
 
 
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COMO FOI?

Um breve registro do não-manual...
 
 
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Conteúdos
  • Como a Arte (cinema, pintura, música, poesia, etc), podem dar origem a novas formas de encontros entre pessoas?
  • O que são experiências estéticas? Como propor algo que dispare uma experiência estética? O que se pode fazer para que algo aconteça? Como garantir uma experiência?
  • Capacidade de atenção e entrega. Como esquecer do resto do mundo?
  • Sensibilidade e percepção. Como ser afetado pelo que está aí?
  • Criação não racionalizada. Como diminuir a distância entre o pensamento e a ação? Como deixar o corpo fluir?
  • O que fazer? Qual é o ponto de partida de um encontro?
1️⃣
Encontro 1: Para criar, só ou acompanhado
  • Apresentação do curso;
  • Exemplos de experiências;
  • Como de repente criar alguma coisa;
  • Como ter sensibilidade e como ser um artista;
2️⃣
Encontro 2: Para sentir com alguém
  • Como prestar atenção, e como usar a atenção pra conduzir um encontro;
  • O que é, qual a importância e como ter alteridade;
  • Como ter empatia;
  • Experimentações práticas.
3️⃣
Encontro 3: Para fazer com alguém
  • Descobrindo o que fazer em qualquer situação;
  • Como inventar propostas;
  • Encerramento.
 
 
 

Sobre o que pensar?

Diminuir a distância entre o pensamento e a mão
  • Reflita sobre como pensar menos antes de agir.
  • Pegue papel e escreva sem parar. Abra a boca e fale ininterruptamente. Encoste uma caneta numa folha e faça um desenho abstrato com uma linha contínua.
  • Você tem bloqueios? O que te impede de só fazer?
  • Permita-se fazer coisas ruins e sem sentido.
Como se colocar vulnerável
  • Encontros acontecem quando duas pessoas se fazem disponíveis.
  • Demandar disponibilidade alheia passa por você mesmo se colocar disponível primeiro.
  • Se acostume com a ideia de colocar para jogo coisas pessoais.
  • Abra-se.
  • O que te emociona?
Buscar a alteridade
  • Não confunda com empatia. Empatia é sentir o que o outro sente, alteridade é, por um instante, ser o outro.
  • Entenda que cada pessoa é um mundo, mas há coisas em comum entre todos.
  • Passos para uma experiência de alteridade:
    • Os envolvidos devem desindividualizar, isto é, pegar algo de si e colocar para fora.
    • Todas as coisas desindividualizadas devem constituir um âmbito por onde os demais presentes possam transitar. Um mafuá, uma bagunça maluca, mas exterior. Pense em um filme numa sala de cinema: está lá, fora de todos, e por isso centenas de pessoas podem olhar para o mesmo filme e ter uma experiência a partir dele. As coisas desindividualizadas devem ser como um filme.
    • Os presentes devem transitar pelo mafuá com disponibilidade para se deixar tocar pelo que está ali.
    • Conversem sobre como foi.
A importância do estranhamento
  • Com o tempo, coisas que antes nos impactavam tornam-se banais. Prédios altos depois de chegar na cidade grande? Primeira vez na praia? A pronúncia de uma nova língua? Aquela música? Perde o impacto...
  • “Conforme a percepção se torna habitual, ela se torna automatizada.”
  • Descubra maneiras de deslocar as coisas banalizadas. Tire elas do seu lugar, de modo que olhar para elas possa ser algo chocante.

Como agir?

Aposte na experiência
  • Quando você sai com alguém pra fotografar, escrever, ou pra ver um filme, a aposta é que haverá experiência.
  • É um risco, pode ou não acontecer. Comemore se der certo.
  • O que é experiência?
    • É um momento de suspensão;
    • O resto do mundo deixa de importar;
    • Um momento de completa atenção e disponibilidade para o momento;
    • Na experiência, o tempo se torna talvez irrelevante;
    • Horas se passam e você não percebe, ou parece que você viveu uma vida inteira mas foram só 2h;
    • Esse conceito está atrelado à arte (experiência cinematográfica, experiência musical, experiência literária)
  • Os pontos abaixo são coisas que podem ajudar a preparar um terreno para que uma experiência seja possível.
Estabeleça limites
  • Liberdade é liberdade pra fazer mais do mesmo.
  • Se pedir pra alguém tirar uma foto, ela vai por impulso colocar o celular na altura do olho. Isso é mais do mesmo. Limites permitem fugir disso. Exemplo: ao invés de “tire uma foto”, pode ser “tire uma foto do ponto de vista do objeto”.
  • Ao invés de “escreve uma frase no meu caderninho”, pode ser “vamos escrever frases que comecem com a palavra que terminou a frase anterior?”
  • Busque limites formais. Limite o tamanho, a quantidade, a duração, etc.
Tenha a proposta de forma rígida
  • Escreva o que deverá ser feito. (Exemplos no tópico abaixo, “O que fazer?”)
  • Se surgir alguma dúvida, você conseguirá repetir a mesma coisa.
  • “Fotografe o desvio” — “O que é desvio?” — “Bom... fotografe o desvio”.
  • A proposta, com isso, será uma referência externa a todos. Algo que existe no mundo e que pode ser acessado como referencial por qualquer um.
  • Só aquilo que está fora pode ser ponto de partida para uma experiência comum entre duas ou mais pessoas.
Escolha uma matéria de expressão
  • Som? Imagem? Palavras? Escolha uma.
  • Se quiser usar mais de uma, cada uma é uma proposta.
  • Exemplo: ao invés de “escolha um adjetivo, faça um desenho a partir dele, crie um som a partir de um desenho”, transforme em “proposta 1: escolha um adjetivo, faça um desenho a partir dele / proposta 2: escolha um desenho, crie um som a partir dele”.
Entenda que o produto é uma desculpa
  • Abandone os critérios qualitativos.
  • Não existe “saber desenhar”. Um boneco palito já é um desenho.
  • Qualquer filmagem com o celular é um filme. Qualquer som gravado, um podcast. Etc.
  • Não importa se a foto ficou borrada e não dá pra ver nada. Não importa se não dá pra entender o que as frases querem dizer.
  • O importante é que as pessoas façam alguma coisa, o que não importa muito.
  • Contanto que algo tenha sido feito, uma experiência posterior pode surgir. Pode-se, pelo menos, conversar sobre como foi o processo de fazer.
Pressuponha a igualdade
  • A igualdade é a diferença entre “escolha um objeto faça um plano aberto e um plano fechado” e “escolha um objeto e faça um vídeo de longe e um vídeo bem de pertinho”.
  • Nem todo mundo sabe o que é um “plano aberto”, mas não precisa saber o que é pra fazer um. Basta pedir “um vídeo de longe”.
  • Faça as propostas de forma tal que a pessoa mais jovem e a pessoa mais velha que você conhece conseguiriam entender e fazer.
Faça você também
  • Quem faz a proposta deve fazer junto com todas as outras pessoas envolvidas.
  • Não há hipótese em que quem propõe não faz.
 
 

O que fazer?

 
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  1. Compre 4 potes pequenos de tinta para tecido (preço médio: R$ 5,00) e dois pincéis escolares finos. Para as tintas, escolha cores fortes e claras.
  1. Saia com alguém pelas ruas da cidade em busca de árvores. Andem a pé, caminhem!
  1. Pintem em árvores: – uma palavra que comece com "d" – uma frase de uma música – um desejo – a primeira coisa que vier à mente
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  1. Vasculhem livros em busca de frases que, sozinhas, tenham alguma forçam.
  1. Reescrevam as frases encontradas em bilhetinhos.
  1. Caminhem pela cidade e deixem os bilhetes por aí. Dica: entrem numa loja de roupas, experimentem algumas peças e deixem alguns bilhetes nos bolsos.
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  1. Coletem folhas. Uma por planta. Não vale repetir.
  1. Ao fim, procurem uma livraria e comprem uma pasta-catálogo (preço médio: R$ 15,00 a R$ 20,00).
  1. Guardem as folhas na pasta catálogo.
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  1. Pegue papel e caneta.
  1. Uma das pessoas escreve uma frase e passa para a seguinte.
  1. A próxima pessoa escreve uma frase a partir da última frase escrita pela pessoa anterior. Este passo se repete até sentirem que acabou.
  1. Definam um trajeto pela cidade e tomem-no.
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  1. Saiam com uma câmera (a do celular serve).
  1. Procurem formas geométricas em movimento.
  1. Filmem cada uma por 30 segundos. A câmera deve estar parada, e isso é importantíssimo (apoie em algum lugar e não a toque; câmera sendo segurada na mão não fica parada!).
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Para fazer em dupla:
1. Uma pessoa fecha os olhos.
2. A outra a segura pelos ombros, por trás.
3. Caminhem pelas ruas.
4. Quem segura pelos ombros é responsável pela pessoa de olhos fechados. Deve garantir que trajetos possíveis sejam tomados e criar um espaço de confiança.
5. Quem fecha os olhos deve se entregar e confiar. Deixe-se levar e perceba o mundo com os outros sentidos.
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  1. Convide alguém para invadir uma casa abandonada e tirar fotos.
  1. Leve velas (e fósforos ou isqueiro para acendê-la), um pano para jogar no chão e algumas mudas de roupa (para fingir que voltaram em dias diferentes).
  1. Fotografem um ao outro, como em um ensaio. Experimentem com todas as poses que vierem à mente. Fotografem também a própria casa.
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  1. Cada pessoa tem a tarefa de tirar cinco fotos pela metade. É simples: imagine uma linha no centro da tela da câmera e ignore o que estiver de um dos lados dela.
  1. Depois, usem qualquer editor de imagens para juntar metades distintas e descobrir o que aparece. Editores recomendados: Adobe Photoshop, Gimp, Picsart.
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  1. Escrevam bilhetes com mensagens para o futuro.
  1. Projetam-nos da água e do tempo; enrolar em fita ou sacola pode funcionar.
  1. Procurem árvores com frestas e escondam nelas os bilhetes.
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  1. Escolham um álbum musical. É importante que a língua cantada seja falada por todos os presentes. Dica: busque no google por “melhores álbuns 2021”, abra o primeiro link e siga a lista.
  1. É como ver a um filme (com atenção!). Encontrem-se num lugar confortável e escurecido.
  1. Preferencialmente, deitem-se – o importante é estar tão confortável ao ponto de poder esquecer do resto do corpo.
  1. Coloquem o álbum para reproduzir e escutem de olhos fechados.
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  1. Troquem endereços.
  1. Agora troquem cartas. Escrevam à mão! E enviem pelo correio.
 
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À caneta, escreva nos braços de alguém um segredo na forma de metáfora.
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1. Baixem Pokémon Go. O jogo está disponível gratuitamente na Play Store e App Store.
2. Saiam para caçar pokémons e dominar ginásios.